Terça-feira, Dezembro 17, 2024
FC Porto

Hulk afirmou que o FC Porto já não tinha chances de vencer o campeonato e este foi o resultado. Já havia jogado 18 vezes….

O racismo na Luz e na Rússia: “No início, sofri um pouco, há até um golo que viralizou, acho que contra o Benfica, no Estádio da Luz. Eu puxo a bola da direita e faço o golo. Para te dizer a verdade, nem percebi naquele momento a claque a fazer esse gesto, mas, onde eu presenciei e sofri um pouco mais, foi na Rússia. As claques adversárias entoavam cânticos racistas, eu sofria bastante. Era uma novidade para mim, eu não sabia como lidar naquele momento. Depois, os jogadores, quando chegávamos ao balneário, o próprio tradutor, junto com o diretor do clube, tentaram conversar comigo, aconselhando-me. Chegou a um ponto em que eu dizia: ‘Tenho que entender como vou lidar com isso para que não me afete dentro de campo’. Na hora que fui bater o canto, a claque começou com esse cântico, eu comecei a mandar beijos do nada, a dar risadas, foi uma forma que arranjei para lidar com isso. Quando eles vinham com esses atos, eu mandava beijos, ria-me, meio que era um choque para eles. Começavam mais, eu dava risada e mandava beijos. Eles iam parando assim. Eu comecei a sentir-me bem quando eu tive essa reação. Não foi fácil, sofri bastante. Infelizmente, continua a haver racismo isso até hoje. Não deveria acontecer.”

A seleção do Brasil e o impacto da confusão contra o Benfica: “Em 2010, eu acho que só não fui à seleção por uma situação. Na época, a vaga, teoricamente, seria do Adriano. Houve uma lesão, ele ficou sem jogar e tudo mais, e eu fui convocado para dois particulares. Joguei, o Dunga elogiou-me bastante e disse: ‘Conto contigo, volta para o FC Porto, dá o teu melhor. Vais voltar connosco, eu conto contigo’. Eu voltei muito confiante, estava a viver um momento muito bom em Portugal na época. Final de 2009, teve o clássico na Luz, contra o Benfica. Perdemos o jogo por 1-0. Houve muito tumulto nesse jogo. No fim da partida, já estava no balneário, e ouvi ‘confusão, confusão’.”

A confusão: “Estava eu, o Fernando, estava mais um. Saímos a correr para ver o que estava a acontecer e, quando chegámos ao túnel, estava aquela confusão, o ‘empurra-empurra’. Os nossos jogadores estavam a conversar com o staff de segurança do jogo e estava aquele empurra-empurra e provoca. Não sei quem tentou dar um soco num dos seguranças e ele deu de volta, e começou a confusão. Quando acaba a confusão, o Rui Costa, que era o diretor do Benfica na época, veio e chamou-me, pegou-me no braço: ‘Hulk, o que é isso que está a acontecer, para quê isso?’, ‘Para quê isso, Rui Costa? Vocês é que montaram tudo. Vocês ganharam o jogo, tudo bem, agora mandar os seguranças arranjarem confusão connosco?’. Só que depois repercutiu muito. Quando entramos no autocarro, eu e o Sapunaru estávamos suspensos. Estava toda a gente envolvida, suspensos só eu e o Sapunaru. Ficámos sem entender.”

Suspensão e proposta do Milan: “Tentaram ver as imagens, porque, nesse mesmo ano, houve uma confusão entre Benfica e Braga, onde eles puniram dois jogadores do Braga, porque foi nítido e a imagem mostrava tudo. Tentaram apanhar imagens do túnel, nós queríamos que pegassem a imagem, só que a imagem que arranjaram era dos seguranças do jogo, eles estavam a mexer nas imagens, direcionando as câmaras para um ponto cego, antes da partida. Onde houve a confusão era um ponto cego, ou seja, foi um ‘esquema’ muito estranho, mas aconteceu. Deram-me uma suspensão de três meses, era para apanhar 23 jogos. Nesse período, era só treinar. Com duas semanas em que estava suspenso, tive uma proposta do Milan.”

Tentativa de sair emprestado: “Conversei com o diretor: ‘Deixa-me ir para o Milan, empresta-me’. ‘Não, não vais. Vamos reverter isto aqui’. Eu disse: ‘Vai reverter o quê? Eu quero jogar, não está a dar mais, estou só a treinar’. Foi passando o tempo, não deixavam. O Milan fez uma proposta de empréstimo com opção de compra, o FC Porto não queria deixar de maneira nenhuma. Passou. Por isso é que eu digo que eu sou muito grato ao Jesualdo, porque nesse período ele foi fundamental. A gente treinava, acabava o treino e ele chamava-me. E eu não podia jogar no final de semana. Ele dizia: ‘Vamos treinar um pouquinho mais’. Ficava a treinar e ele: ‘Bola aqui, domina assim, isso e aquilo, vamos, vamos, bota isso para fora’. Porque ele sabia que eu precisava botar para fora. Ele fazia isso comigo para que eu terminasse o treino cansado. Ele foi fundamental. Passou o período, quando o FC Porto não tinha mais hipóteses de ser campeão, saiu um resultado que era para eu ter apanhado só três jogos de suspensão, eu já tinha cumprido 18, eram 23 no total. Num ano de Mundial.”

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