José Morais chegou há dois anos a um clube que não é campeão do Irão desde 2015. Na primeira época lutou pelo título até à última jornada e terminou a um ponto do primeiro. Na temporada passada ficou em terceiro, mas ganhou a Taça, enquanto agora, em 2024/25, lidera o campeonato isolado depois de quatro triunfos em outras tantas jornadas.
Está na terceira época e ainda não foi campeão. Sente-se pressionado no Sepahan?
-Pressão não sinto. O clube está satisfeito, eu sou popular aqui e, inclusive, sou um dos treinadores que está a ser equacionado para, no futuro, ser uma possível hipótese para assumir a seleção iraniana. Gozo de uma boa reputação e, ao ganharmos a Taça na época passada, para o clube foi também uma grande alegria ter um troféu ao fim de nove anos. As pessoas acreditam no projeto e o clube até quer que eu renove por mais anos. Aliás, desde que cheguei sou, aqui no Irão, o treinador que está há mais tempo no mesmo clube. E não é fácil estar três anos num clube aqui se não se fizer um trabalho bom e convincente.
E gostaria de tentar o futebol de seleções?
-Sim, gostaria de chegar a um Mundial, por exemplo. É uma pedra importante na carreira de um treinador e posso dizer que é também um dos meus objetivos. Se for possível concretizá-lo ficaria contente. Mas não estou pressionado pelo tempo, nem pelos objetivos. O meu único objetivo como treinador é, na liderança que proporciono, ajudar a que haja progressão nos grupos de trabalho que tenho. Que haja crescimento na qualidade dos jogadores, na qualidade do jogo, na organização do clube. É isso que procuro, uma influência positiva com a minha participação em termos de liderança das equipas.
Chegou a dizer numa entrevista que gostaria de um dia treinar o Benfica. Naqueles dias de indefinição antes do Bruno Lage ser anunciado, chegou a pensar que poderia ter hipóteses de ocupar o cargo?
-Soube da destituição do Roger Schmidt, claro, mas quando se deu a busca por um novo treinador por parte do Benfica essa não foi propriamente uma preocupação minha. Sei que o Benfica e o universo do Benfica me conhecem, toda a gente sabe também que sou benfiquista e toda a gente sabe da capacidade que tenho para poder fazer a diferença dentro daquilo que são os objetivos e a ambição de um clube como o Benfica, cuja mística eu conheço e vivenciei durante os dez anos que lá passei. Acredito que poderia ser útil aos objetivos e à ambição do clube, porque tenho essa experiência, essa maturidade. Quando acontecer, estarei disponível, mas não acontecendo sou uma pessoa que apoia as tomadas de decisão dentro do clube e desejo felicidade aos treinadores que sejam escolhidos. O mesmo sucesso que quero para mim é o que desejo aos que lá estão. Neste caso, ao Bruno Lage, desejo-lhe muita sorte.
A nível pessoal, como caracteriza o seu futebol? Qual a identidade do futebol das suas equipas?
-Um jogo dominante, intenso e ambicioso em termos de obtenção de resultados. Organizado e alegre na intencionalidade, que privilegie um futebol de qualidade. Um futebol artístico, digamos assim.
E enquanto pessoa, como se caracteriza?
-Sou uma pessoa ambiciosa, equilibrada e humilde, também no trato. E sou uma pessoa que procura ajudar o outro.