Preocupa-o a ausência de internacionais? “É o que é, é o que é. É um fator que é incontrolável. Vai ser alvo de matéria de debate, tenho a certeza absoluta, porque este ano estamos a falar de um ano sui generis, com o Mundial de Clubes, com pausa de Seleções. Jogadores que consigam casar seleção com o Mundial de Clubes poderão acabar a fazer quase um número a rondar os 100 jogos numa época, o que me parece absurdo, sem qualquer sentido, desprovido de qualquer nexo lógico. E é importante também haver este espaço para partilha. Enquanto trabalho semanal, é investir nos que cá temos. Felizmente ainda ficaram alguns, outros foram. Vieram com um dia, dois dias, três dias de trabalho. Tomaremos a melhor decisão para amanhã.”
Algum dos reforços o tem surpreendido em treino? “Não nego que, se calhar, quem ficou cá e veio mais recentemente pode estar mais preparado para iniciar o jogo amanhã. Se calhar, foi uma forma de enraizar muitos dos nossos conceitos, de validar as nossas ideias, operacionalizar muitos dos comportamentos que queremos e, quem ficou e teve essas duas semanas aqui de trabalho connosco, estará claramente mais preparado e mais habilitado a dar uma boa resposta amanhã do que quem esteve fora. É olhar para o momento. Alguns jogadores que já vêm do passado e que foram às seleções, quando regressam, conseguem fazer rapidamente o transfer do que é nosso e que foi perdido temporalmente durante sete, oito, dez dias e podem regressar novamente ao que somos enquanto equipa e estão preparados para amanhã iniciar e atacar o jogo. Outros, em que tudo é novidade e que romperam com o que tinha sido uma adaptação inicial de quatro, cinco dias, com uma quebra de seleções, agora têm novamente de fazer esse percurso para se rotinarem com a equipa. Vamos ver até amanhã. As decisões estão praticamente tomadas e não as vou dizer aqui.”
Não teme começar já tarde na época novas dinâmicas na equipa? “Perdermo-nos em lamúrias é algo que não fazemos aqui. O que é passado é passado, está fechado, não o podemos controlar. Por isso, é olhar para o presente e o futuro e atacá-lo da melhor maneira.”
A situação de Fábio Vieira pode suscitar preocupações daqui em diante? “Preocupante não será. Envolverá aqui alguns dias, não muitos. Está diariamente a ser reavaliado, tem dado uma resposta fantástica, está super comprometido com o trabalho, com uma vontade enorme de ajudar a equipa. O Fábio [Vieira] tem aquele traço de genialidade que conhecem, que eu também conheço de há uns anos para cá. De uma forma que é genial, também é genial naquilo que é o teto dele, a forma de funcionar, adaptar-se rapidamente ao que é um grupo novo. Vem com hábitos diferentes da Inglaterra, mas está a adaptar-se muito bem, foi super bem acolhido, é uma pessoa muito bem vista no seio grupo, que traz energia boa e essa energia vai fazê-lo reabilitar-se o mais rápido possível. Não tenho dúvida nenhuma. Será dentro em breve. Se são dez dias, oito, doze, quinze, vamos ver. Esperamos que seja o mais breve possível.”
Como é que Galeno encarou a transferência falhada para o Al Ittihad? “O Galeno tem sido um profissional de excelência, muitas vezes adaptado a um lugar que não é o dele e sempre com uma resposta e uma aceitação brutal para alguém que está habituado a ter números, golos, assistências e isso acontece em zonas próximas da baliza adversária. Estando mais recuado no campo, podia ter a tentação de incorrer nesse tipo de pensamento e ficar agarrado a algum preconceito por jogar numa zona que não é dele. Nunca aconteceu. Não vou negar que isto tem algum impacto. Obviamente que sim, estamos a falar de uma questão, se calhar, financeira, que qualquer jogador procura e estamos a falar do bem-estar familiar, não é apenas a questão pessoal. Eventualmente um dia, no dia a seguir, cabisbaixo um pouco, mas sempre com a noção que representa um grande clube. Isto foi o próprio que fez questão de frisar perante o grupo, perante mim. Fez-lhe bem também ter ficado aqui nestas duas semanas. Com algum egoísmo da minha parte, não ter ido à seleção foi bom, também lhe permitiu dar passo em frente, que foi a construção de um futuro casamento, que lhe confere estabilidade, que também acaba por nos dar um bocadinho daquilo que vai ser a estabilidade e que é cada vez mais a maturidade que ele tem. Para nós, foi bom ele ter ficado. O Galeno é um bocadinho isto, é muito fiel ao que são valores de conduta, de profissionalismo, de rigor, de lealdade com o que são os companheiros, com o próprio. A esse nível, zero problemas com o Galeno, muito satisfeitos com ele e com o que pode dar.”